Desempenho nas disciplinas

A necessidade de um agente de mudanças

O FeedMec Reverso é uma pesquisa realizada com os professores do departamento de Engenharia Mecânica da UFSC na mesma época do já bem conhecido FeedMec. Porém, nesse segundo modelo de feedbacks, o foco se torna o estudante (pelos olhos do professor).

Na pesquisa, realizada no final de 18.2, obtivemos a seguinte informação: para os professores, aproximadamente metade dos estudantes têm desempenho abaixo do que consideram satisfatório na disciplina. Em um curso tão bem conceituado, como chegamos até aqui?

Já que escrevemos para engenheiros, façamos uma analogia com a termodinâmica: a eficiência termodinâmica pode ser comparada com a eficiência pessoal dos estudantes. Construiremos a nossa máquina:  

A sua eficiência é obtida dividindo a saída líquida de trabalho pela entrada total de calor na máquina, ou então pela razão entre a energia utilizada e a energia fornecida. Ela indica o grau de sucesso com o qual um processo de transferência ou conversão de energia é realizado. Processos com eficiência de 100% não existem no mundo real. As chamadas irreversibilidades acabam nos causando alguma perda. Por atrito, por transferência de calor ou de alguma outra forma, as irreversibilidades prejudicam o desempenho de nossas máquinas.

Os estudantes (ou qualquer outro ser humano com qualquer outra profissão, para falar a verdade) funcionam similarmente: para atingir nossos objetivos (as notas satisfatórias, por exemplo), realizamos uma certa quantidade de trabalho (a energia que fornecemos ao sistema, que aumenta conforme nos esforçamos e nos dedicamos aos estudos). O que nos prejudica acaba sendo um pouco mais complicado de quantificar: atividades dispersivas, pouca didática em sala e também fatores externos à sala de aula. Muitas vezes não nos damos conta, mas não cuidar da nossa saúde (fazendo exercícios físicos, se alimentando bem) pode afetar o desempenho em uma disciplina tanto quanto ou até mais que não aproveitar os horários de atendimento do professor e as monitorias para esclarecer as dúvidas.  

Nosso curso, indiscutivelmente, atrai as mais diversas personalidades ao seu estudo. É amplo e cheio de oportunidades, mas é normal que o estudante descubra que não era bem isso que procurava e, sem saber o que fazer, se sinta desestimulado aos estudos. Infelizmente também, sua grade curricular não apresenta muita mudança ou inovação com o passar dos anos, o que não parece combinar com a ideia de referência nacional e internacional em Engenharia Mecânica. Vê-se uma grande necessidade do surgimento de um agente de mudanças no cenário. Alguém apaixonado pelo que faz e com capacidade de impulsionar, motivar. Nos pegamos esperando que esse exemplo venha do próprio departamento e dos professores, mas por que não sermos nós mesmos os agentes de mudança? Quem sabe seja possível começar a mudança a partir dos próprios estudantes?

Não temos a pretensão de, com esse texto, ensinar novas técnicas de estudo ou então fingir que o desempenho abaixo do esperado de nossos estudantes é apenas sua culpa e essa é a verdade absoluta. Diversos fatores estão aqui envolvidos e não temos uma resposta, assim como os próprios professores não têm. Mas é possível diminuir as irreversibilidades da nossa máquina? Acreditamos que sim, mas que a resposta deve vir de cada um que tenha esse interesse dentro de si.

Afinal, o que você está fazendo aqui? O que quer para a sua vida? E, o mais importante: o que está fazendo para chegar onde deseja?

 

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